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sábado, 10 de dezembro de 2016

DELAÇÃO Odebrecht complica Alckmin

Delatores da empreiteira contaram que tucano recebeu R$ 2 milhões de caixa 2, em dinheiro vivo

Rio de janeiro. Executivos da Odebrecht afirmaram à força-tarefa da operação Lava Jato, em Brasília, que repassaram R$ 2 milhões em dinheiro vivo, por meio de caixa 2, às campanhas de 2010 e 2014 do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo a delação, duas pessoas próximas do tucano foram citadas como intermediárias na negociação: o cunhado Adhemar Ribeiro, irmão da primeira-dama, Lu Alckmin, e o atual secretário de Planejamento do governo paulista, Marcos Monteiro.
Antes da menção à Alckmin, delatores da Lava Jato citaram casos envolvendo os nomes de José Serra, atual ministro das Relações Exteriores, e do senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Os três negam as acusações. Eles são os principais nomes do PSDB para a disputa da Presidência da República em 2018. Em praticamente todos os casos, o esquema envolveria dinheiro de caixa 2 para campanhas.

Apontado como um dos responsáveis por negociar doações para campanhas de políticos, o ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal é um dos executivos identificados como um dos que citaram o repasse ao governador paulista, pela reportagem da “Folha de S. Paulo” publicada nessa sexta-feira (9). No total, 77 funcionários da empresa assinaram acordo de delação premiada.

Conhecido como “CAP”, o executivo também seria o responsável pelo suposto pagamento de R$ 23 milhões à campanha presidencial de José Serra, em 2010, também via caixa 2.

Alckmin seria chamado de “MM” durante as negociações dos recursos para sua campanha, segundo os delatores. Ainda segundo o jornal, suas campanhas não registraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) doações da Odebrecht em 2010 e 2014. Haveria apenas uma contribuição de R$ 100 mil da empresa do ramo petroquímico Braskem, controlada pela empreiteira, em 2010; e outros R$ 200 mil repassados à campanha do tucano pelo comitê.

A revista “Veja” já tinha publicado há duas semanas que Alckmin aparecia com o codinome “Santo” nas listas de propina e caixa 2 da Odebrecht apreendidas pela Polícia Federal (PF). De acordo com a revista, o apelido estava associado nas planilhas da empreiteira à duplicação da rodovia Mogi-Dutra, mesma denominação citada em um e-mail de 2004.

Força-tarefa ouve executivos
Depoimentos. Duas semanas depois de assinar os acordos de leniência e de delação premiada, a Odebrecht está agora na fase de depoimento. Os executivos começaram a ser ouvidos nesta semana, mas a maioria dos depoimentos está prevista para a próxima semana, incluindo o de Marcelo Odebrecht. Herdeiro e ex-presidente do grupo, Marcelo deve ser ouvido por mais de três dias em Curitiba, onde ele está preso desde junho de 2015.


REPERCUSSÃO

Surpresos com denúncia, aliados de governador saem em defesa

Rio de Janeiro. Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), saíram em sua defesa e expressaram confiança na idoneidade do tucano. “Não tendo sido homologado (o acordo), é mera especulação. E ainda que não fosse, Geraldo Alckmin é um dos poucos políticos do Brasil que, ao fim de 40 anos de vida pública, com uma carreira de extremo sucesso, manteve o mesmo padrão de vida e o mesmo patrimônio de quando entrou na política”, disse Ricardo Salles (PP-SP).

Secretário estadual de Meio Ambiente e ex-secretário particular do governador, ele viu politização na denúncia. “Como ele é um político honesto e de sucesso, talvez haja uma tentativa de colocar todos no mesmo cesto, o que não é correto”, afirmou.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), próximo a Alckmin, afirmou que o depoimento precisa ser detalhado e oficializado para ter valor político ou jurídico. “O próprio jornal (“Folha”) aponta que foram outras pessoas (que teriam sido receptadoras dos recursos)”, disse.

Reservadamente, aliados de Alckmin mostraram surpresa com os relatos. “Ele não faz nada de errado. Sofro na pele”, disse um auxiliar do tucano.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), porém, mostrou-se cético. “Ele (Alckmin) tenta passar a imagem de que não se mete em corrupção, mas os casos do metrô já levantam várias denúncias”, afirmou.

Leniência. A Odebrecht também fechou um acordo de leniência para continuar sendo contratada pelo poder público. A empresa se comprometeu a pagar uma multa de R$ 6,7 bilhões em 20 anos. 


NOTA

Tucano critica ‘conclusão prematura’

Rio de Janeiro. Em nota, a assessoria de Geraldo Alckmin afirma que somente os tesoureiros oficiais do comitê eleitoral foram autorizados pelo governador a arrecadar fundos para sua campanha. A nota diz ainda que o codinome “Santo” já havia aparecido em outros documentos apreendidos pela Polícia Federal referentes aos anos de 2002 e 2004, portanto, sem qualquer relação com eleições disputadas pelo tucano. “É prematura qualquer conclusão com base em informações vazadas de delações ainda não homologadas”, diz o texto.
http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/odebrecht-complica-alckmin-1.1410133

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