DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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quarta-feira, 14 de setembro de 2016

ESPANCAMENTO Festa teve quatro agressões

No dia em que aluno de medicina levou surra, polícia registrou seis ocorrências no local, duas por furtos

Susto. Mãe de universitário agredido por seguranças
de boate afirma que está desamparada e quer
justiça; filho dela perfurou o tímpano
Em uma única noite, quatro casos de agressões foram registrados pela Polícia Militar (PM) envolvendo pessoas que participavam de uma festa na boate Hangar 677, no bairro Olhos D’água, na região do Barreiro, na madrugada do último dia 7. No local, segundo informações solicitadas à corporação, foram feitos pelo menos seis Boletins de Ocorrências (BOs) no feriado – dois por furtos. Um dos mais graves foi o espancamento do universitário Henrique Papini, 22, já em investigação pela Polícia Civil (PC).
Outro episódio envolveu um jovem de 20 anos supostamente agredido por seguranças da casa.
O chefe da Sala de Imprensa da PM, capitão Flávio Santiago, afirmou que quatro BOs estão relacionados a lesão corporal que teriam ocorrido dentro e no entorno da boate. Procurada, a assessoria da Polícia Civil informou que precisa realizar um levantamento dos casos, pois, por enquanto, apenas os dois citados acima já são de conhecimento da corporação. A casa Hangar 677, por sua vez, informou não ter conhecimento das ocorrências, tampouco ter sido contactada pela PC.

Seis jovens teriam participado da agressão a Henrique Papini, dos quais a polícia já identificou três, que estão sendo chamados a depor. Um dos suspeitos é o estudante de engenharia Rafael Bicalho, 19. Com cinco boletins de ocorrência registrados em seu nome desde 2014, inclusive de violência contra a ex-namorada, ele é apontado como o principal agressor de Papini. Com ciúmes da ex, ele teria chamado cinco amigos para bater no universitário.

Horas depois do crime, Bicalho foi visto por PMs na porta do hospital onde a vítima estava em coma. Ele foi levado para a delegacia de trânsito por ter dado a direção do veículo em que estava a um condutor sem habilitação. Na ocasião, Bicalho já teria sido ouvido também sobre a lesão contra Papini, quando confessou que bateu nele sozinho. Por fim, disse que prestaria mais informações na presença do advogado.

Investigação. A Polícia Civil espera reunir mais provas sobre o caso para intimar Bicalho a depor. Segundo informações obtidas pela reportagem, as primeiras imagens recebidas do local não mostram nitidamente a agressão, dificultando a identificação dos suspeitos. Novas imagens de câmeras de empresas próximos à boate já foram solicitadas pela PC.

Um dos colegas de Bicalho alegou não ter participado da agressão, reforçando a afirmação do suspeito de que não contou com a ajuda de ninguém para bater em Papini. Mas isso é contestado por depoimento de testemunhas e será esclarecido pelos exames periciais. Um das evidências que vão contra a ideia de ter sido apenas um agressor é a que Papini é atleta e tem 1,87 m de altura.

Inquérito
Avanço. A delegada Sônia de Miranda, da 4ª Delegacia do Barreiro, responsável pelo inquérito de Papini, informou nessa terça-feira (13) que as investigações estão avançadas, mas que não pode dar detalhes.
Entenda o caso
Espancamento. Após ser brutalmente agredido quando saía de uma boate de madrugada, Papini teve hemorragia cerebral, fratura nos ossos da face e traumatismo craniano. Ele precisou ficar um dia no CTI, mas já teve alta e não terá sequelas. O estudante ainda se recupera, não quer falar do caso e deverá passar por tratamentos psicológicos depois. A polícia iria colher seu depoimento nessa terça-feira (13), mas ainda não fez o procedimento.

Motivação. Papini estuda na Faculdade de Medicina de Barbacena, no Campo das Vertentes, onde Marcela Maynard também é aluna. Ela é ex-namorada de Rafael Bicalho e teria ficado com Papini dias antes da agressão. A reportagem vem tentando contato com ela e com Bicalho, sem sucesso. Há informações de que ele não está na capital e teria viajado após a
repercussão do caso.

Passado. Bicalho estuda engenharia na Fumec. Seu nome aparece em pelo menos cinco boletins de ocorrência, sendo o primeiro quando ainda tinha 17 anos, em junho de 2014. Além de agressões, os outros episódios estão relacionados com crimes de danos a patrimônios, pichação e briga em bar.

SEGURANÇAS

Cliente teve tímpano estourado

O outro estudante de medicina que teria sido agredido por seguranças da casa de shows Hangar 677, no Barreiro, também no feriado, antes do espancamento de Henrique Papini, 22, teve o tímpano perfurado depois de levar chutes e socos dos funcionários. “Não consigo lembrar muito bem para onde me levaram, mas foi para uma saída lateral. As agressões começaram na frente de algumas pessoas, mas depois fiquei em um lugar afastado. Durante esse percurso, meu celular também sumiu”, contou o universitário em entrevista a O TEMPO nessa terça-feira (13).

A vítima, que não quis ser identificada, tem 20 anos. De acordo com o jovem, depois de ter se desentendido com uma funcionária da casa, quando ele entregou duas fichas de cerveja, mas não recebeu as bebidas, dois seguranças o teriam abordado. Uma amiga dele ainda relatou ter tido os cabelos puxados por uma das funcionárias da casa de shows.

A mãe da vítima, uma dentista de 49 anos, foi informada da agressão do filho pelo telefone de uma desconhecida. “Uma moça me ligou informando que meu filho estava muito machucado. Chegamos lá e não tivemos muitas informações. Ligamos para o 190, e uma viatura foi até o local, mas disse não poder realizar um boletim de ocorrência por se tratar de um evento particular”, afirmou a mulher, que só conseguiu denunciar o ocorrido quando o filho já estava no hospital Biocor.

O chefe da sala da imprensa da Polícia Militar, capitão Flávio Santiago, informou que a corporação não faz o patrulhamento nem o policiamento dentro de espaços privados. Ele destacou que um dos motivos para a não realização do boletim pode ter sido a falta de informações passadas pela vítima. O policial disse que qualquer pessoa pode reclamar de atendimentos na Corregedoria, no 190.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil disse que o caso segue em investigação. A casa de show informou não ter conhecimento do ocorrido e afirmou ainda que a equipe de seguranças é terceirizada. (LF)

O Tempo

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