DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

INSEGURANÇA Bandidos obrigam motoristas do Uber de BH a atuar em crimes

Condutores relataram à reportagem que foram utilizados em ocorrências de tráfico de drogas


Violência. No Rio de Janeiro, no último
dia 15, uma tentativa de assalto terminou com
o assassinato de um motorista do Uber
Em um ano, o aplicativo Uber passou a ter dez vezes mais motoristas parceiros no país, que foram de 5.000 para 50 mil. Além do crescimento da frota, a ferramenta colocou à disposição dos passageiros a possibilidade de quitar as corridas em dinheiro. Mais carros nas ruas e a ampliação da forma de pagamento das viagens desde julho atraíram não só mais clientes, como também criminosos. Condutores relataram à reportagem que foram alvos de assaltos na capital e ainda foram obrigados a participar de ações criminosas, levando e buscando bandidos.

Dois motoristas denunciaram a O TEMPO terem sido acionados por bandidos em ocorrências de tráfico de drogas. Quando recebeu um chamado para um endereço na Savassi, na região Centro-Sul, e, em seguida, uma ligação informando que o passageiro estava em outro lugar, o motorista Carlos* nem imaginava que aquela corrida lhe renderia quatro horas de tensão. Três adolescentes entraram no veículo e, em vez de descerem no ponto informado, na avenida Nossa Senhora do Carmo, mandaram o condutor virar à direita rumo ao Morro do Papagaio, na mesma região. A ordem partiu de um menor armado.

“Eu nunca tinha entrado em uma favela, mas até aí tudo bem. Eu só fui ver mesmo o que estava acontecendo quando eles me mandaram parar em uma das vielas e pediram para eu esperar. Dois dos meninos desceram, e outro ficou atrás mostrando uma arma para mim. Foi aí que vi que estava em uma enrascada”, disse o condutor.

No local, os jovens teriam conversado com traficantes da região e recolhido dinheiro e drogas. Depois, mandaram o condutor seguir rumo ao bairro Alto Vera Cruz, na região Leste, e, na sequência, para o aglomerado da Serra, na região Centro-Sul. “Foram mais de quatro horas sendo uma ‘ferramenta de trabalho’ deles. Em todos os locais eles fizeram a mesma coisa, pegaram dinheiro e drogas. Tentei piscar para uma viatura que passava por mim uma vez, mas não deu certo. Até o último momento achei que ainda iria receber a corrida, pois eles estavam com bastante dinheiro, mas o que eu ganhei foi só um tapa nas costas e um ‘tchau, zé’”, relembrou Carlos.

Situação similar ocorreu com um motorista do Uber que afirmou ter sido utilizado para entregar drogas também no aglomerado da Serra. Nenhum dos dois condutores comunicou o fato à Polícia Militar (PM).

O chefe da sala de imprensa da corporação, capitão Flávio Santiago, afirmou que a prática desse tipo de crime com motoristas do aplicativo é um “fenômeno novo” na cidade e que está sendo monitorado. “É importante que cada um registre a ocorrência. Estamos realizando blitze na cidade, e a nossa orientação é que o motorista, ao perceber situação de risco e ao se deparar com uma viatura ou um batalhão, faça algum movimento discreto para induzir os policiais a parar”, disse.(Com agência)

*Nome fictício


Aplicativo informa que age ‘nos termos da lei’

O Uber reconheceu que vem sendo procurado por motoristas vítimas de criminosos e informou que trabalha “junto às autoridades para ajudar a esclarecer qualquer tipo de incidente em sua plataforma, dentro dos termos da lei”. Em nota, o aplicativo informou que passa dicas de segurança aos parceiros e acompanha os casos.

“Os motoristas parceiros contam com um número de telefone 0800 para casos de emergência. Esse número é de uma central de segurança que aciona imediatamente a polícia. Além disso, todas as viagens são rastreadas utilizando GPS. Tanto para o motorista parceiro quanto para o usuário, a ‘avaliação mútua’ após cada viagem é um ponto importante. Lembrando que o usuário também pode ser desconectado da plataforma”, disse a nota da empresa.

Dinheiro. Questionado sobre o pagamento em dinheiro, o aplicativo informou que a possibilidade “busca tornar cada vez mais democrática e inclusiva a viagem no Uber, permitindo que ainda mais brasileiros utilizem os serviços”.

No Rio e em SP
15.10.2016. O motorista do Uber Ovídio Francisco da Silva Filho, 55, foi morto em Del Castilho, na zona Norte do Rio. Segundo a Polícia Civil, conforme relato de algumas testemunhas, houve uma tentativa de assalto, e os motociclistas balearam o condutor após ele reagir.

9.10.2016. O também motorista do aplicativo Orlando da Costa Brito, 60, foi baleado na avenida Interlagos, na zona Sul de São Paulo, em uma suposta tentativa de assalto. Testemunhas disseram à polícia que ele levava um passageiro e, quando parou o veículo em um semáforo, foi abordado por dois homens que estavam a pé. Brito foi baleado ao sair com o carro para tentar fugir dos criminosos. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

22.9.2016. Outro condutor morto em São Paulo foi Osvaldo Luís Modolo Filho, 51. Segundo a polícia, um casal desferiu facadas contra a vítima e ainda efetuou disparos de arma de fogo para tentar roubar o carro. Os dois foram presos. 


Em 2014, um taxista de 55 anos
foi morto a facadas em Betim
REALIDADE

Cinco taxistas são assaltados por dia

Se o problema com a insegurança ronda motoristas do Uber, ele já é um velho conhecido dos taxistas. Segundo o Sindicato dos Taxistas de Belo Horizonte (Sincavir), cinco motoristas por dia, em média, são assaltados na capital. Para inibir os crimes, um projeto de lei do deputado estadual Alencar da Silveira Jr. (PDT) prevê a implantação de câmeras nos veículos.

De acordo com a proposta, além da câmera, os táxis poderão receber um “botão do pânico”, que acionará uma central caso o motorista seja abordado por criminosos. Ainda não está definido se as imagens serão monitoradas em tempo real ou se ficarão armazenadas para avaliação posterior. Os equipamentos têm um custo estimado de cerca de R$ 1.500.

Procurada, a Polícia Militar informou que realiza constantes reuniões com taxistas e que faz operações, como a Parada Obrigatória, que visam dar mais segurança aos motoristas.

O Tempo

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