DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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sábado, 9 de janeiro de 2016

ÔNIBUS Reajuste maior em seis cidades

Municípios mineiros tiveram aumento da passagem superior ao ocorrido em Belo Horizonte


Justiça. Desde domingo, a passagem de 80%
das linhas de BH custa R$ 3,70; o valor está
sendo questionado pelo Ministério Público
O Tempo
Entre as dez maiores cidades de Minas Gerais, pelo menos três reajustaram, no início deste ano, as tarifas de ônibus com percentuais que se igualam ao de Belo Horizonte, de 8,24%, ou o superam. A passagem na capital, no último domingo, passou de R$ 3,40 para R$ 3,70, em 80% das linhas. Em Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, as tarifas subiram 12,9%, passando de R$ 3,10 para R$ 3,50. Em Contagem, na região metropolitana da capital, o reajuste foi de 8,24%, com o preço da passagem subindo de R$ 3,40 para R$ 3,70.
Pelo menos outros quatro municípios – Ibirité e Nova Lima, na região metropolitana; São Lourenço, no Sul do Estado; e Divinópolis, na região Centro-Oeste – também superaram o índice de reajuste da capital. Nesta última, onde o consórcio chegou a pedir um aumento de 30%, a alta da tarifa foi de 15%, passando de R$ 3 para R$ 3,45 (veja no quadro abaixo).
A justificativa das prefeituras dessas cidades para o reajuste é a elevação dos custos do transporte público. No entanto, usuários e especialistas criticam o aumento, uma vez que os custos de manutenção do transporte público deveriam ser menores em municípios com frotas e demandas menores do que as da capital.

Para o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Fumec Márcio Aguiar, o valor da tarifa só aumenta porque não há uma preocupação do poder público em diminuir os custos para as concessionárias. “A tarifa absorve todos os custos. Não há um subsídio, como abrir mão de impostos. O empresário não quer arcar com o prejuízo, então ocorre o aumento da tarifa. É um problema de gestão que precisa ser solucionado, já que o custo do transporte está ficando pesado para população, que tem direito à mobilidade garantido pela Constituição”, avalia.
O presidente da Associação dos Usuários de Transporte Coletivo (AUTC) da região metropolitana, Ivanir José Vitor Maciel, também critica os aumentos, uma vez que não há melhorias na qualidade do serviço em nenhuma das cidades. “Os usuários são penalizados. O valor cobrado não corresponde ao que é ofertado. É um serviço social por lei, que só atende o interesse das empresas”, afirma Maciel.
Apesar de concordar que a lógica é que os gastos sejam menores em cidades com demanda de passageiros inferior, o especialista em trânsito Marco Paiva pondera que há necessidade de reajustes, mas em escala menor.
“As empresas precisam manter as linhas rodando em horários de baixa demanda, independentemente do número de passageiros. Isso eleva o custo. As concessionárias também precisam obedecer a um padrão de qualidade e leis trabalhistas”, pondera Paiva.
Frotas
NúmerosBH tem uma frota com 2.967 ônibus, com idade média de 4 anos e 4 meses. Uberlândia possui 425 coletivos, com idade média de cinco anos. Contagem e Uberaba não informaram.
Passagem pode subir quase 30%

A cidade de Governador Valadares, na região do Rio Doce, pode ter, em fevereiro, um reajuste de quase 30% no valor do transporte público. Isso ocorrerá se a prefeitura acatar o pedido das concessionárias que atuam na cidade e querem que a tarifa suba de R$ 2,85 para R$ 3,70. No momento, o Executivo municipal analisa a proposta das empresas. Se confirmado, esse será o maior reajuste entre todas as cidades mineiras neste ano.

Segundo a prefeitura, as concessionárias justificam a alta por uma defasagem no valor do transporte e pelo alto custo do sistema. O último reajuste na passagem em Valadares havia ocorrido em fevereiro do ano passado, quando a tarifa passou de R$ 2,60 para os atuais R$ 2,85, um aumento de 9,61%. A cidade conta hoje com uma frota de 88 ônibus, que fazem cerca de 900 viagens e atendem 68 mil usuários diariamente, segundo a prefeitura.

Outra cidade. Já em Poços de Caldas, no Sul de Minas, o reajuste pode chegar a 16% a partir de fevereiro. A prefeitura também analisa um pedido feito pela concessionária, que quer que a passagem passe de R$ 3 para R$ 3,50. O Executivo municipal negocia para que o reajuste fique em 12%. 

Alto custo diminui o número de passageiros, diz especialista

O alto custo das tarifas de ônibus em Belo Horizonte e em várias cidades de Minas sacrifica a população e causa uma evasão de passageiros. É o que afirmam especialistas ouvidos por O TEMPO. Na visão do professor de transportes da Faculdade de Engenharia da Universidade Fumec Márcio Aguiar, apesar do aumento no valor da passagem, o serviço não apresenta melhorias no atendimento aos usuários.

“A consequência é a evasão dos passageiros. As pessoas deixam de pegar o ônibus e preferem outro tipo de transporte. Acumulando os custos com a evasão, as empresas repassam o prejuízo para a população, com o aumento da tarifa”, analisa. “O reajuste (como é feito hoje) é uma bola de neve, pois só aumenta a evasão de usuários do sistema”, completa o especialista em trânsito Marco Paiva.

Alternativa. Aguiar acredita que uma maneira de diminuir o valor da passagem é mudar a forma de venda.

“Não temos estratégia de logística, por exemplo, na compra de tarifa. Na França e em outros países da Europa, a passagem é vendida anualmente, então o preço fica menor”, diz.

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