DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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sábado, 28 de maio de 2016

SAGRADA FAMÍLIA Bairro é tomado por violência

Assaltos e arrombamentos ocorrem em todos os horários do dia e mudam rotina da população


Insegurança. Bandidos tentaram entrar na casa do
assistente social Sérgio Paulino há dois meses;
ele resolveu investir em segurança
O bairro Sagrada Família, na região Leste de Belo Horizonte, tem enfrentado uma onda de violência nos últimos seis meses. Até então considerada segura, a área tem sido alvo frequente de assaltos, arrombamentos e furtos, que amedrontam e alteram a rotina da população. Diante do problema, moradores afirmam que a Polícia Militar (PM) prometeu instalar, até junho, um ponto fixo onde será possível fazer, com mais agilidade, o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), também conhecido como “boletim de ocorrência”.

A reportagem esteve no bairro e encontrou diversos relatos de crimes no primeiro semestre deste ano. Segundo os moradores, os principais locais de assaltos são as ruas São Roque, Cabrobó, São Mateus, São Joaquim, São Luiz, Maria Martins, Santo Agostinho, Conselheiro Lafaiete e Petrolina. Os assaltantes seriam pessoas de outras regiões, mas que conhecem a rotina do bairro. Isso porque as invasões a casas e prédios ocorrem nas horas em que os proprietários estão ausentes ou no período da madrugada. Na última semana, pelo menos um edifício e duas casas foram arrombados.

Rua São Luiz, no Sagrada Família,
é ponto recorrente de assaltos
Susto. Morador de um prédio na rua São Luiz, Pedro Rocha Fiuza, 62, conta que os assaltantes entraram no imóvel durante a madrugada. Após conseguir passar por duas portas e entrar na garagem, eles levaram quatro rodas de um Siena que estava estacionado. “Eles ainda tentaram levar outras rodas, mas não conseguiram. Agora, os moradores ficam com medo, a gente não via isso acontecendo por aqui”, relata Fiuza.

Um vizinho, que saiu cedo para trabalhar, percebeu o crime. A polícia foi chamada, mas nenhum dos suspeitos foi achado. Como resultado, o prédio passou a adotar novas medidas de segurança, como a troca de todas as fechaduras a instalação de câmeras. A administração do condomínio arcou com as despesas de R$ 3.800.
Em outro caso, no dia 25, uma mulher foi assaltada por um casal armado às 10h, na rua São Mateus. Uma moradora de 63 anos presenciou o roubo. “Eles apontaram um revólver e pediram o celular da mulher. Ela ficou desesperada. Essa é a nossa rotina. Ficamos trancados dentro de casa por medo”, contou, sob anonimato.

Alternativa. Enquanto a implantação do posto policial para a confecção do Reds não ocorre, os moradores tomam outras medidas para se protegerem. Entre elas está a criação de grupos do aplicativo WhatsApp para compartilhar informações, prática já adotada em outras regiões da cidade.

“Moro no bairro desde criança e nunca vi um período tão crítico. Há uns dois meses, tentaram arrombar a minha casa, então criei o grupo. A ação nos tem ajudado a ficar sempre alerta”, contou o assistente social Sérgio Maia Paulino, 42.

A Associação de Moradores e Empresários do Sagrada Família (AME) quer que o novo ponto esteja na praça da Grota, local com histórico de roubos e tráfico de drogas. “Agora, os boletins de ocorrência poderão ser feitos no próprio local. É um jeito de a comunidade contribuir para o planejamento, registrando onde os crimes ocorrem”, avalia o representante da AME, Wilson Melo Júnior.

Sem resposta
PM. A reportagem tentou contato com o comandante da 20ª Companhia do 16º Batalhão da PM, mas ele não foi localizado. A assessoria da corporação não se posicionou até o fechamento desta edição.
Com investimentos próprios, lojistas reduzem crimes em 70%
Os investimentos em segurança feitos pelos lojistas da avenida Silviano Brandão conseguiram reduzir em até 70% os arrombamentos e furtos na área. A via corta cinco bairros da região Leste da capital, incluindo o Sagrada Família, e contabilizou cem crimes do tipo entre dezembro de 2015 e fevereiro deste ano. Os dados são da Associação dos Lojistas da Silviano Brandão e Região (Alosb).

O primeiro passo dos comerciantes foi criar um grupo de WhatsApp para repassar informações de suspeitos. Em seguida, os lojistas decidiram investir em seguranças privados, que fazem rondas 24 horas por dia aos sábados, domingos e feriados. Outro método usado foi a instalação de alarmes Wi-Fi. A tecnologia é acionada por um botão que fica com o empresário, e, em seguida, as lojas ao redor também recebem o alerta de invasão.

De acordo com a presidente da Alosb, Eliana Reis, o próximo passo é a instalação de uma câmera de segurança no cruzamento da rua Pitangui com a Silviano Brandão, um dos pontos mais visados. “As medidas conjuntas já estão fazendo efeito, mas esperamos que o problema chegue ao fim”, afirma.

Segundo ela, a avenida é o maior polo moveleiro da capital e tem ao menos 500 lojas. Os criminosos aproveitam o período noturno e os fins de semana, quando o movimento é menor. Eles preferem levar eletrodomésticos, dinheiro, telefones e pequenos objetos.

“Minha loja foi arrombada duas vezes. Fora o que roubaram, tivemos que pagar cerca de R$ 2.000 para consertar uma vidraça quebrada e uma fechadura arrombada”, diz Eliana.

Saiba mais
Reunião. Segundo a Associação de Moradores e Empresários do Sagrada Família (AME), em junho a entidade vai se reunir novamente com a Polícia Militar, a Polícia Civil e os representantes do Judiciário para debater a insegurança no bairro. O encontro ainda não tem data, mas será aberto à comunidade.

Latrocínio. O dono de um lava a jato foi morto em uma tentativa de assalto no bairro Santa Terezinha, na Pampulha, na manhã de ontem. Segundo a Polícia Militar, o proprietário do estabelecimento teria reagido e trocado tiros com os assaltantes, mas foi baleado e morreu no local. A esposa e um dos criminosos também foram atingidos.

Caminhões. Um grupo armado roubou três caminhões de lixo da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), da Prefeitura de Belo Horizonte. O crime ocorreu no fim da noite de anteontem, no bairro Vila Oeste, na região Noroeste da cidade. Segundo a PM, um dos veículos foi localizado às margens da BR–040, em Paraopeba, na região Central de Minas. Outros dois caminhões ainda não foram encontrados. Ontem, um dos suspeitos foi preso.

Redação: Jornal O Tempo

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