Condenado a 20 anos, ex-governador disse que magistrada não leu seus argumentos
Azeredo afirmou que vai recorrer da sentença de primeira instância |
O Tempo
São Paulo. Em uma dura sentença de 125 páginas na qual condenou o ex-governador de Minas Gerais (1994-1998) e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo, a 20 anos e dez meses de prisão por seu envolvimento no mensalão tucano – esquema desvio de dinheiro de estatais mineiras para a campanha à reeleição de Azeredo ao governo do Estado em 1998 –, a juíza de Belo Horizonte Marisa Pinheiro Costa Lage aponta que o tucano mentiu várias vezes em seus depoimentos perante as autoridades.
Para a magistrada, que se debruçou nos 55 volumes dos autos desde março deste ano, a responsabilidade de Azeredo nos crimes de peculato (desvio de dinheiro) lavagem de dinheiro ficou comprovada “mesmo que somente após um trabalho extremamente árduo de retirar, das entranhas do processo, o detalhe, a contradição, a mentira”, afirma na sentença.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” publicada ontem, Azeredo acusou a magistrada de “não ler” os argumentos de sua defesa e disse que sua sentença foi uma “compensação política” e que vai recorrer da decisão.
Segundo a juíza, Azeredo “mentiu sobre as relações pessoais que possuía com os demais envolvidos,tentando fazer parecer que eram superficiais”, e ao afirmar que “não se envolvia na campanha e de nada sabia sobre questões financeiras, o que restou comprovado por meio das declarações e depoimentos dos colaboradores de campanha”.
A magistrada também diz que o tucano “mentiu ao afirmar que Claudio Mourão (tesoureiro da campanha) fora o único responsável por toda a questão financeira, o que restou esclarecido pelas contradições no próprio interrogatório do acusado”. Azeredo, segundo, Marisa Pinheiro, também “mentiu sobre a contratação de Duda Mendonça (publicitário que atuou na campanha), afirmando ser o único político envolvido na campanha que não sabia dos valores que seriam pagos a ele”, e ao falar sobre a participação de Marcos Valério e da SMP&B na campanha eleitoral à reeleição.
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