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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Crise financeira do país e mudança de governo deixam beneficiários do programa inseguros

Insegurança. Em Minas, 1,082 milhões de famílias
recebem o programa; muitas delas temem que
 mudança de governo afete benefício
A mudança de presidente e as trocas de acusações entre os governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) têm deixado alguns beneficiários do Bolsa Família apreensivos. O programa, que foi a grande vitrine das administrações de Lula e Dilma nos últimos 12 anos, tem hoje quase 14 milhões de famílias inscritas como beneficiárias e movimenta, por mês, valores próximos de R$ 2,3 bilhões. Metade disso é direcionada à região Nordeste do país.
Com tantos recursos em jogo, as notícias que circulam sobre corte ou possíveis mudanças no programa acirram o clima de acusações. Enquanto defensores de Dilma dizem que Temer irá cortar o benefício, o presidente interino promete que nada muda.


Nessa guerra de informações, quem depende do Bolsa Família fica preocupado. “Tenho muito medo que eles (governo) cortem o programa”, diz a diarista Geralda Aparecida dos Santos, 37. Com dois filhos – um de 11 anos e um bebê – e sem a ajuda do pai das crianças, ela depende do benefício para complementar a renda em casa.
Geralda conta que os vizinhos que também recebem o benefício estão com o mesmo receio. “Disseram que iam passar um pente-fino e depois iam cortar tudo. Se cortar, irá fazer muita falta”, completa.
Reavaliação. O pente-fino a que a diarista se refere foi citado pelo novo ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra. Em maio, ele estimou que 10% dos beneficiários, o que corresponde a 1,4 milhão de famílias, podem ser cortados do programa por não se enquadrarem nos critérios de renda mínima.
Porém, de acordo com quem lida com o programa em Belo Horizonte, a atualização dos dados vem acontecendo desde março e não tem relação com a mudança de governo. “Essa reavaliação é feita anualmente. É uma atualização de parte dos beneficiários, que têm que atualizar o cadastro e comprovar, com documentos, a renda. Neste ano, será a maior reavaliação já feita no programa”, explica a gerente de Coordenação Municipal de Programas de Transferência de Renda da Prefeitura de Belo Horizonte, Nívia Soares da Silva.
Segundo ela, 70% das famílias da capital estão sendo chamadas para reavaliação. A previsão é que o processo termine no mês que vem.
A gerente avalia que a crise financeira tem gerado uma insegurança entre as famílias, que temem perder o benefício por algum erro de cadastro: “Estamos tendo uma resposta melhor da atualização cadastral por isso. Antes, a gente chamava, e nem todas as famílias vinham”.
Ranking
Nordeste. A região do país que mais recebeu verbas do Bolsa Família é o Nordeste, com quase 7 milhões de famílias beneficiárias. A que menos recebeu foi o Centro-Oeste, com 710 mil.

POR ESTADO

Os Estados com maior número de beneficiários:
Bahia: 1,827 milhões de famílias
São Paulo: 1,437 milhões de famílias
Pernambuco: 1,127 milhões de famílias
Minas Gerais: 1,082 milhões de famílias
Dilma prometeu reajuste, mas Temer diz lidar com rombo“Acho que esse negócio de reajuste é só pra gente ter um gostinho a mais do dinheiro, e depois vão tirar”. A desempregada Carla Cristina de Oliveira, 33, resume assim sua desconfiança em relação às próximas medidas do governo federal sobre o Bolsa Família.Sem defender nem Dilma nem Temer, ela acha que logo a conta da crise vai bater a sua porta. “Ele (Temer) falou que não ia mexer no programa. Mas agora todo mundo se pergunta: cadê o aumento? E o governo diz que não tem dinheiro pra nada, nem para a saúde nem para a educação. Então como vão aumentar?”, questiona a desempregada.O aumento a que Carla se refere é o reajuste de 9% no Bolsa Família, anunciado pela então presidente Dilma, em 1º de maio, poucos dias antes de a petista ser afastada do cargo. Os pagamentos feitos em junho não tinham o reajuste. Questionado, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário respondeu que “a nova gestão está trabalhando para colocar em dia o rombo deixado pelo governo anterior. Há R$ 1,6 bilhão que não foram investidos na área social em 2015”. (LV)

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