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domingo, 17 de abril de 2016

CRISE Câmara dos Deputados começa neste domingo a decidir o futuro do país

Votação da autorização do impeachment neste domingo não encerra o debate, mas define o rumo do processo

Foto: Blog
A presidente Dilma Rousseff (PT) chega ao dia deste domingo em situação semelhante à que enfrentou há um ano e meio, quando os brasileiros foram às urnas para a última eleição: sem saber se continuará comandando o país até 2018. Neste domingo, porém, embora com cenário igualmente incerto como o daquela vez, há uma leve vantagem da oposição, que mostrou durante a semana ter votos para afastar a petista por crime de responsabilidade fiscal. Ao governo resta apenas sonhar com ausências e traições de última hora.

Se autorizar a instalação de um processo de impeachment contra a presidente, como fez há 24 anos com Fernando Collor, na primeira vez em que o dispositivo constitucional foi utilizado no país, a Câmara dos Deputados dará início a uma escalada que continuará no Senado e que dificilmente poderá ser contida pelo governo. Embora a Câmara não dê a decisão final sobre o tema, já que são os senadores que afastam e julgam um presidente, até mesmo os mais otimistas membros do Executivo sabem que uma derrota na primeira Casa do Congresso é quase impossível de ser revertida.
Mais que o impeachment de Dilma Rousseff, o Congresso Nacional discutirá os rumos do Brasil. Se concluído com o afastamento da comandante do país, encerrará um ciclo de poder iniciado pelo PT em 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Palácio do Planalto com o discurso da esperança contra o medo.

De lá para cá, o partido que se notabilizou na oposição dura aos seus adversários desde a fundação, passou a ser vidraça, sobreviveu mesmo contestado ao mensalão, venceu mais três eleições (outra com Lula e duas com Dilma), mas hoje enfrenta rejeição recorde na população, cansada de um modo de governar que incluiu, segundo investigações criminais e decisões judiciais, práticas de corrupção que o PT tanto condenou antes de chegar ao poder.

Em sua defesa, Dilma e o partido realçam conquistas sociais que atribuem aos seus governos, retirando grandes contingentes da população da pobreza, e usam, agora, o mote de que está em curso um golpe para usurpar a vontade popular expressa nas urnas. Mesmo discurso que seus adversários faziam quando era o PT que queria tirar o mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1999, e que os petistas negavam.

Futuro. Dilma Rousseff, porém, mesmo se conseguir escapar, terá ainda o enorme desafio de recuperar a credibilidade perdida ao abandonar promessas de campanha; reconstruir a base aliada que praticamente deixou de existir diante de uma reconhecida inabilidade política; e conviver com as acusações que pesam contra o seu partido e tão esmiuçadas na operação Lava Jato. Isso sem falar em outros pedidos de impedimento contra ela ainda guardados na gaveta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que podem ser sacados no dia seguinte.

Se o impeachment for autorizado pela Câmara e aprovado pelo Senado, o PT verá subir ao poder o vice-presidente Michel Temer (PMDB), hoje tão criticado por ter aderido à proposta de apear a presidente, mas saudado efusivamente como parceiro ideal nas campanhas petistas para chegar ao Planalto.

Com Dilma ou Temer, o governo federal ainda terá que lidar com implicações jurídicas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que investiga os indícios de irregularidades na campanha, fartamente abastecida por recursos desviados da Petrobras, segundo já contaram diversos delatores da Lava Jato, o que pode levar à cassação dos dois e à convocação de novas eleições (diretas, ainda este ano, ou indiretas, no ano que vem).

Cenário. Muros dividindo a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, discursos raivosos de ambos os lados durante a semana, troca de votos de última hora e balcões de negócios para tentar comprar apoio com cargos deixam claro como a decisão de logo mais é importante para os dois lados. A quem vencer estará lançado o desafio: se ver diante de uma profunda crise econômica, agravada pela falta de entendimento político que nem o impeachment parece ser capaz de resolver.

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