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sexta-feira, 22 de abril de 2016

LAVA JATO Obras paulistas sob suspeita

Andrade Gutierrez transferiu dinheiro de Rodoanel, metrô e complexo viário a operador de propinas


Suspeitas. Obras do Rodoanel, em São Paulo, são
citadas em laudo no qual a PF aponta repasses
estranhos a empresas de fachada
O Tempo
BRASÍLIA. Dados contábeis da empreiteira Andrade Gutierrez, em análise pela Polícia Federal, mostram que três grandes obras do governo de São Paulo, do PSDB, teriam registrado repasses a empresas de fachada usadas para o pagamento de propinas no esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, os investigadores chegaram a essas informações ao analisar movimentações milionárias da empreiteira com empresas suspeitas de operarem o repasse de propinas a agentes públicos ligadas ao empresário Adir Assad.
As informações mostram que o esquema criminoso pode ter se estendido por obras em todo o país. Segundo o laudo 10/2016, as contas contábeis da Andrade e de consórcios dos quais ela participa, ligados às obras da Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo, ao Rodoanel Mário Covas e ao Complexo Viário Jacú-Pêssego, pagaram R$ 45 milhões entre março de 2008 e setembro de 2010 a empresas de fachada Legend Engenheiros Associados e SP Terraplenagem.


O documento, assinado pelos peritos Daniel Paiva Scarparo, Audrey Jones de Souza e Ivan Roberto Pereira Pinto, no dia 25 de fevereiro deste ano, não faz nenhuma acusação ao governo de São Paulo nem a agentes públicos envolvidos nas licitações do Metrô e da Dersa, mas indica que um expediente utilizado para a lavagem do dinheiro da propina na Petrobras e também no setor elétrico – pagamentos a firmas de fachada – pode ter se reproduzido no governo paulista.
Segundo a reportagem, a Polícia Federal ainda está rastreando o destino do dinheiro. As primeiras conclusões mostram que parte expressiva dos valores recebidos por estas firmas de fachada eram repassados para outras empresas do mesmo perfil ou sacado de forma fracionada para evitar a identificação do destinatário final, o que tem dificultado o trabalho dos investigadores.
As obrasDe acordo com “O Estado de S. Paulo”, o consórcio SVM, que inclui a Andrade Gutierrez, fez quinze pagamentos, de setembro de 2009 a setembro de 2010, que somaram R$ 30,4 milhões à empresa de fachada SP Terraplenagem. O consórcio teve apenas um contrato com a Dersa, para a execução das obras no Lote 1 do Complexo Jacu-Pêssego, na capital paulista. O contrato foi firmado em junho de 2009, dois meses antes do primeiro repasse do SVM à empresa de fachada.
No caso do metrô, foram dois pagamentos do centro de custos da Andrade Gutierrez para a Legend, ligados às obras do lote 8 da Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo, subtrecho das estações Tamanduateí e Vila Prudente. Curiosamente, a Legend não teve funcionários entre 2006 e 2012. Os pagamentos tiveram valores de R$ 7,05 milhões e R$ 7,3 milhões.
Para a PF, o fato de parte dos pagamentos para a Legend, no caso do metrô, terem pasado pela conta “overhead”, que contabiliza os gastos da administração central da empresa em cada obra e, indica que a direção da companhia tinha o conhecimento das operações com empresas de fachada.
No caso das obras do Rodoanel, foi realizado um pagamento da conta da Andrade relacionada ao empreendimento em parcela única de R$ 1,08 milhão em 14 de agosto de 2009.
O contrato com a empreiteira foi firmado em 2006, teve um aditivo em 2007 que levou a um desconto de 4%, e um segundo aditivo em setembro de 2009, que levou a um acréscimo de 7,85% no valor do contrato um mês após o repasse da Andrade para a Legend. O trecho sul foi concluído em abril de 2010.
A Legend e a SP Terraplenagem são ligadas ao grupo do operador de propinas Adir Assad, condenado a nove anos e dez meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa ao utilizar a Legend e outras firmas de fachada para operacionalizar o pagamento de ao menos R$ 40 milhões em propinas no esquema de corrupção na Petrobras.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, no ano passado, Assad admitiu sua participação na Legend, empresa na qual chegou a figurar como sócio de 2006 a 2009.
Outro lado

Defesa. A Andrade Gutierrez não quis comentar o teor do laudo. A Dersa afirma não ter contratos com as firmas de fachada e nega qualquer irregularidade nas obras citadas na reportagem.

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