DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Desafeto de Dilma, Cunha é autor de 440 dias de agonia para a presidente

Eleição de Cunha na Câmara em fevereiro de 2015, embates com o Congresso, instabilidade econômica e as investigações da Lava-Jato provocam o iminente desmoronamento de Dilma

Estado de Minas
Quando manifestantes contrários ao governo falaram pela primeira vez em pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ainda no terceiro mês do segundo mandato conquistado nas urnas pela petista, nem mesmo os mais radicais parlamentares da oposição ousavam defender a ideia publicamente. Depois, uma série de acontecimentos políticos e econômicos pavimentou o caminho que levou à votação nesse domingo (17), pela Câmara dos Deputados, da abertura de um processo que pede que ela seja julgada por crime de responsabilidade. Foram 440 dias de sangria, iniciada em fevereiro do ano passado com a eleição do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inimigo público do Palácio do Planalto, que viria a se tornar o principal articulador do movimento pela derrubada da presidente.
Desde que se viabilizou no cargo, Cunha batia de frente com o governo Dilma, até que em junho ele se assumiu como oposição. Mas foi em dezembro do ano passado que o peemedebista aceitou um pedido de impeachment contra a presidente assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal. O anúncio foi feito no mesmo dia em que os três petistas no Conselho de Ética da Câmara informaram que votariam a favor da cassação de Eduardo Cunha no processo por quebra de decoro que até hoje ele consegue atrasar. O presidente da Câmara também articulou a formação de uma comissão simpática ao afastamento de Dilma. Depois de brigas no Supremo Tribunal Federal (STF) e da troca do grupo, o parecer pelo impeachment foi aprovado e a presidente ficou a um passo do afastamento.

No decorrer da tramitação do pedido não faltaram ingredientes para piorar o clima para Dilma. Os indicadores econômicos levaram o governo à sua pior aprovação entre os brasileiros. O noticiário da Operação Lava-Jato, que investiga a corrupção na Petrobras, também não deu trégua. Teve desde a prisão do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (suspenso do PT), com sua posterior delação premiada, até a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para depor. Em março e abril, a presidente foi perdendo o apoio político que tinha no Congresso. O PMDB iniciou a debandada ao anunciar o rompimento e deliberar pela entrega dos cargos no governo. Foi seguido por   PP, PSD, PTB e PRB, que orientaram o voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Confira os momentos mais tensos do segundo mandato de Dilma

1º Fev 2015
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), candidato de oposição ao Palácio do Planalto, é eleito presidente da Câmara dos Deputados. Foi a primeira derrota do governo na segunda gestão da presidente Dilma.

15 Mar 2015
Ocorre o primeiro grande protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff depois que ela foi reeleita em outubro. Contou com mais de 1 milhão de pessoas em São Paulo, 45 mil em Brasília e 25 mil no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. É a primeira vez que as ruas falam em impeachment e, na época, nem a oposição fazia coro.

7 ABR 2015
Com dificuldades em lidar com o Congresso, principalmente a Câmara sob comando de Eduardo Cunha, a presidente Dilma oficializa seu vice Michel Temer no papel de articulador político do governo.

17 jul 2015
Eduardo Cunha rompe oficialmente com o governo Dilma e anuncia que fará oposição à petista.

24 ago 2015
Temer diz que não vai mais tratar das negociações de varejo e deixa a articulação política do governo Dilma. Dias antes ele diz que o país precisa de alguém capaz de reunificar o Brasil.

30 set 2015
A presidente Dilma atinge um índice de rejeição de 69% entre os brasileiros, o maior percentual da série histórica até então realizada pelo Ibope desde a redemocratização.

7 out 2015
Em decisão inédita e por unanimidade, o Tribunal de Contas da União rejeita as contas do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) de 2014. A decisão foi baseada principalmente nas chamadas pedaladas fiscais, que consistiram no atraso de repasses do Tesouro a bancos para o pagamento de programas sociais.

21 out
Oposição entrega novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal. Nele foram incluídos os decretos das pedaladas fiscais de 2015.

25 nov 2015
O então líder do governo, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), é preso suspeito de atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, por oferecer dinheiro à família de Nestor Cerveró para o ex-diretor da Petrobras não fazer delação.

2 dez 2015
Cunha aceita o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal. Isso ocorre hora depois de os deputados do PT no Conselho de Ética informarem que vão votar pela cassação do peemedebista no processo que tramita contra ele.

7 dez 2015
O vice-presidente Michel Temer entrega carta à presidente Dilma Rousseff na qual faz desabafo e reclama de certa desconfiança do governo em relação ao PMDB. Ele não fala em rompimento, mas reclama ter sido tratado como “vice decorativo” e deixado de fora em ocasiões importantes.

3 mar 2016
A revista IstoÉ traz trechos da declaração premiada fechada pelo ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS), que acusa Dilma e o ex-presidente Lula de tentarem interferir nas investigações da Operação Lava-Jato. Lula seria o mandante na tentativa de impedir a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que acabou levando Delcídio à prisão. Já Dilma teria usado sua influência para tentar evitar a punição de empreiteiros, inclusive com a nomeação de um ministro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesse sentido.

4 mar
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é conduzido coercitivamente a prestar depoimento à Polícia Federal na Operação Lava-Jato.

9 mar
Os promotores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo apresentam denúncia e pedem a prisão preventiva do ex-presidente Lula, acusado de cometer os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com a suposta ocultação de um apartamento triplex, em Guarujá (SP). Eles alegam que, solto, o petista representa perigo para a ordem pública.

12 mar
Na Convenção Nacional do PMDB que reelegeu Michel Temer presidente da legenda, o partido aprova uma espécie de aviso-prévio para o governo, dando 30 dias para que o diretório nacional decida se vai deixar ou não de integrar a base da presidente Dilma.

13 mar
Os grupos contrários à presidente Dilma Rousseff fazem a maior manifestação contra o governo da petista até então. Segundo a Polícia Militar, foram mais de 3,6 milhões de pessoas em todo o país.

16 mar
O Palácio do Planalto anuncia Lula como ministro da Casa Civil. A nomeação é questionada no Supremo Tribunal Federal por ser considerada uma forma de conceder foro privilegiado ao petista e ele é suspenso do cargo.

17 mar
A comissão especial de impeachment é instalada e são escolhidos presidente e relator.

29 mar
Em reunião que durou menos de três minutos, o PMDB aprova por aclamação o rompimento com o governo da presidente Dilma e a entrega dos cargos ocupados por integrantes do partido. Os parlamentares são liberados a votar como quiserem no processo de impeachment.

4 abr 2016
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, apresenta a defesa da presidente Dilma à comissão do impeachment, alegando que ela não cometeu crime de responsabilidade. Segundo ele, se não houve ato doloso da presidente, o impeachment é um golpe contra a Constituição.

6 abr
Relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na comissão especial é pela admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma. No parecer, o parlamentar diz que há indícios de crimes de responsabilidade nas pedaladas fiscais e nos decretos de créditos suplementares assinados por Dilma que não passaram pelo Legislativo.

11 abr
Os deputados da comissão do impeachment aprovam o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) por 38 votos a 27. O parecer é pela admissibilidade do processo de impeachment.

Últimos dias
As bancadas do PP, PSD, PTB, PRB e PMDB decidem votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mas liberam os dissidentes. Já o PDT anuncia o voto contra o afastamento dela. Quatro ministros são exonerados para voltar à Câmara e votar a favor da presidente Dilma.

17 abr
A Câmara dos Deputados aprova o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agora, o futuro da petista está nas mãos dos 81 senadores. 

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