Rodrigo Janot define nesta semana se abre inquéritos a partir da delação de Delcídio do Amaral
Dilma pode ser investigada por tentar atrapalhar as investigações |
O Tempo
Brasília. Na semana em que a Câmara dos Deputados tem prevista a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, tem em sua mesa a definição sobre um pedido de investigação da petista por participar das tentativas de “tumultuar” as investigações da Lava Jato. O grupo de trabalho do procurador geral se debruça nos próximos dias sobre o que chamam de “arquitetura” da investigação. Com todo o material nas mãos, a palavra final será dada por Janot.
A previsão é de que nesta semana sejam encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) os pedidos de inquérito com base na delação do ex-líder do governo Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que já estão em fase final na Procuradoria Geral da República (PGR).
Procuradores que trabalham com Janot veem indícios para pedir investigações do senador Aécio Neves (PSDB-MG), do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo.
Aécio foi citado por Delcídio do Amaral, assim como outros políticos |
Desde a delação do petista, procuradores já avaliam a possibilidade de um inquérito contra a presidente, o que ganhou força com o avanço da operação sobre o ex-presidente Lula e a chegada à PGR do material obtido nos grampos telefônicos.
Com relação à obstrução de investigações, a ideia é trazer para o campo criminal o parecer assinado pelo procurador geral e encaminhado ao STF anteontem. Na peça, Janot diz que a nomeação de Lula para a Casa Civil por Dilma faz parte do “cenário” em que foram identificadas diversas tentativas de atrapalhar as investigações criminais da Lava Jato e vê no ato uma forma de “tumultuar” e atrasar a investigação. Por “coerência”, dizem fontes com acesso ao caso, a definição sobre o eventual inquérito de Dilma deve seguir a mesma premissa.
Para formarem o pedido de investigação, procuradores devem unir três materiais: a delação de Delcídio, as conversas por telefone interceptadas pela Lava Jato e as investigações em andamento sobre Lula. Na delação, Delcídio citou por exemplo uma investida do Planalto sobre o Judiciário para influir nas investigações com a suposta indicação do ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.
Já as implicações sobre Lula podem ser cruciais para os desdobramentos criminais com relação a Dilma. Isso porque o crime de embaraço às investigações prevê a tentativa de atrapalhar apuração de infrações penais que envolvam organização criminosa. É necessário apontar, portanto, que há indícios de envolvimento de Lula em uma organização criminosa para enquadrar o ato da presidente de nomeação do petista no crime de obstrução. Por isso, o material sobre o triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia serve de apoio à definição sobre Dilma.
O “cenário” das tentativas de obstrução é formado também por conversas laterais grampeadas que envolvem o Planalto, como diálogo em que o presidente do PT sugere ao então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, um pedido de ajuda para evitar a prisão de Lula.
Lula
Foro. Independentemente da definição do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a validade da posse de Lula como ministro da Casa Civil, o ex-presidente será investigado perante a Corte.
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