DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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domingo, 3 de abril de 2016

Crise política inspira artistas e vira tema de músicas, peça de teatro e até conto erótico

Momento atual da política brasileira tem servido de fonte para artistas, escritores e cantores

Estado de Minas
Em meio à crise na política nacional, o turbilhão de denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários está servindo de inspiração para artistas brasileiros. O tema virou música, peça de teatro, espetáculo e até conto erótico – nesse caso envolvendo o policial Newton Ishii, o famoso japonês da Polícia Federal, que sempre acompanha os investigados da Operação Lava-Jato. Alguns textos são mais explícitos, outros apenas fazem referência ao momento atual. 

É o caso do Samba do triplex, lançado pelo sambista Neguinho da Beija-flor. O nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é citado em nenhum momento da canção, mas há várias referências a temas que estão sendo investigados pela Polícia Federal do Paraná e pelo Ministério Público de São Paulo: o triplex do condomínio de luxo no Guarujá, o sítio em Atibaia e a fundação que recebe o nome do ex-presidente. Em cada estrofe, é perguntado a quem pertence o bem, e a resposta é sempre a mesma: “É de um amigo meu”. 
Um vídeo de pouco mais de um minuto com a canção entoada por Neguinho e um amigo está disponível na internet. Quando ainda era presidente, Lula e dona Marisa chegaram a ser convidados para padrinhos do casamento de Neguinho com Elaine Reis, realizado durante o carnaval de 2009. E foi chamado pela ex-primeira-dama de amigo e companheiro de coração. 

Quem também não perdeu a oportunidade de ironizar o momento atual foi o menestrel do Brasil Juca Chaves. Aos 76 anos de idade e 58 de carreira, ele está rodando o Brasil com o sit down comedy Em ritmo de Lava-Jato. No espetáculo, ele apresenta a marchinha que trata do escândalo da Petrobras que já levou muita gente para a cadeia. Ele entoa que no Brasil nascem dois ladrões por dia, chama os brasileiros de “marionetes” e em um trecho diz que “infeliz, o país andou pra trás, secaram a nossa Petrobras, adeus, ladrões, adeus, PT, saudações!”.


A peça Não vamos pagar traz um texto escrito pelo italiano Dario Fo em 1974, mas nem por isso deixa de ser atual. O espetáculo retrata de forma bem-humorada temas como ética e respeito às leis e é produzido pela atriz Virgínia Cavendish. Em entrevista recente para falar sobre a estreia no Rio de Janeiro, ela disse que a peça faz uma crônica dos acontecimentos do momento. “As falas se encaixam perfeitamente com o nosso dia a dia da política brasileira de uma forma bem-humorada e sem ser partidária. A gente tem que rir da gente mesmo”, disse ela. 

REI NA BARRIGA O músico Edu Krieger também lançou uma letra sobre o momento político, mas em defesa do governo Dilma Rousseff (PT). Na música Tempos hostis, o artista satiriza o panelaço – manifestação realizada por quem é a favor do impeachment da petista – e critica o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumiria a cadeira de presidente em caso da saída de Dilma. “A gente merece mais que um vice investigado”, canta o artista. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é chamado de “santinho de uma figa” que tem “o rei na barriga”. 


Por R$ 2,15 é possível ler o conto erótico de oito páginas Prenda-me, japonês da Federal, escrito por Renata Del Anjo. O e-book pode ser comprado e acessado na internet com o resumo: “O japonês da Federal veio me pegar de manhã cedo, mas em vez de me levar para a cadeia ele me levou ao paraíso. Uma fantasia de amor com o policial mais famoso da Operação Lava-Jato!”. Na história, a mocinha é casada – por interesse – com Marcelo, um empreiteiro que mantinha negócios com a Petrobras. Em uma manhã, ela recebe a “visita” do policial em casa para prender o empresário. Para saber mais detalhes, só lendo. 
Samba do triplex
Neguinho da Beija-flor
“E o triplex da praia, me diga de quem é? 

– É de um amigo meu.
E sítio de Atibaia, de quem que é, neguinho? 

– É de um amigo meu.
E aquela fundação, que carrega o seu nome? 

– É de um amigo meu.
Quem paga as suas contas e a suas mordomias? – É um amigo meu.”

Adeus em ritmo de Lava-Jato
Juca Chaves

“A honestidade há muito já sumiu
As consequências vêm sempre depois
Por isso, todo dia, pra alegria do Brasil 
Morre um ladrão e nascem dois
Sai um político, entra outro na quadrilha
Um marionete de um teatro sem moral
E o povo que votou pra não perder Bolsa-família
Já nem mais acredita no Pré-sal.”

Publicado em 7 de abr de 2015
E o novo vídeo da Chinchila tem a participação mais que especial de um grande compositor e craque na crítica política desde João Goulart: Juca Chaves. Não preciso dizer como estou contente de ter conhecido essa figuraça. Divirtam-se!

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