Juiz se disse incomodado com a repentina fama ocasionada pela Operação Lava Jato
Moro reconheceu que erra em algumas de suas decisõesFabio Rodrigues Pozzebom/09.09.2015/Agência Brasil |
R7
O juiz federal Sergio Moro afirmou em evento na noite desta sexta-feira (8), em Chicago, que ele não define sentenças judiciais pensando em impactos políticos que elas possam ter e que ao final da Operação Lava Jato, só pensa em tirar longas férias. O juiz também se disse incomodado com a repentina fama e afirmou que foro privilegiado não é sinônimo de impunidade.
— O juiz profere sua decisão com base nas leis, nas provas, nos fatos. Minha preocupação é definir com base no processo. Não posso pensar no impacto político daquilo.
Na palestra, que durou cerca de 90 minutos na Universidade de Chicago, reuniu 300 estudantes e foi organizada pela Associação de Estudantes Brasileiros, Moro ressaltou que "é importante não confundir Justiça com política". Se a decisão tem um impacto político, Moro disse que é porque são julgados crimes praticados por políticos.
— Até vejo críticas ao meu trabalho, mas não sou um juiz investigador, não dirijo as investigações.
Moro também reconheceu em sua palestra que erra em suas decisões.
— Vamos ser claros, eu também não acerto todas, mas sempre decido como um juiz deve definir, com a pretensão de estar decidindo conforme as leis.
Fama
Questionando por um dos participantes sobre a fama repentina, que fez a revista norte-americana Fortune o colocar como o 13º líder mais influente do mundo, Moro disse que se sente incomodado.
— Acho que existe foco equivocado na minha pessoa, que não acho muito positivo. Há uma certa personificação.
Ele também destacou que é um juiz de primeira instância e que as investigações da Lava Jato envolvem a Polícia Federal e o Ministério Público.
Na palestra, o médico Drauzio Varella questionou Moro porque a Lava Jato tem condenado mais empresários que políticos. O juiz disse que já condenou três ex-parlamentares, além de funcionários da Petrobras, e que outros políticos têm o chamado foro privilegiado.
— Foro privilegiado não é sinônimo de impunidade.
Moro afirmou que a grande questão que se coloca neste momento é se a Operação Lava Jato vai levar a ganhos institucionais duradouros ou não.
— Isso não depende dos juízes, não depende dos políticos, depende dos eleitores.
Na parte de perguntas, um dos estudantes questionou Moro sobre como ele via as críticas a divulgação dos áudios de gravações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que também aparece a presidente Dilma Rousseff. O juiz disse que já prestou as explicações ao Supremo Tribunal Federal e pelo fato do caso estar em andamento, não poderia fazer maiores comentários.
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