Marcio Lacerda (PSB) culpa "grave crise" para deixar servidores sem merenda
Sindicato questiona se prefeito vai cortar benefícios de secretários e comissionados que ganham altos saláriosPrefeitura de BH / Divulgação |
R7
Professores e servidores não terão mais merenda nas nas escolas municipais de Belo Horizonte a partir do dia 15 de abril. A administração Marcio Lacerda (PSB) culpa a "grave crise econômica que afeta o país" para cortar o lanche dos funcionários.
Somente terão o benefício mantido os servidores que passam mais de seis horas nas instituições (eles recebem o crédito em folha) e os terceirizados, que possuem vale-refeição. A prefeitura alega que a medida é necessária para manter o lanche destinado aos alunos.
No dia 5 de abril, Marcio Lacerda divulgou no Facebook que a PBH recebeu o "Prêmio Nutrir" comemorando que a honraria "destaca os melhores projetos de educação alimentar do país". A postagem recebeu uma enxurrada de críticas dos servidores.
Uma funcionária reclamou que creches e escolas estão sem comida.
— Belo Horizonte deve estar educando muito bem os alimentos, porque eles devem estar tão cansados de aprender que nem estão conseguindo chegar nas creches e escolas... as crianças estão sem merenda, mas quem sabe elas possam comer este prêmio!
Outro morador perguntou se a crise também fez o prefeito cortar o lanche do gabinete:
— Queremos saber, Marcio Lacerda, se o lanche aí do gabinete também foi cortado. Se Josué Valadão [secretário de Obras e pré-candidato a prefeito] não tá podendo tomar café e se Délio Malheiros [vice-prefeito e também pré-candidato] tem que levar marmita de casa (sic).
Leite puro
Diretora do Sind-Rede, o sindicato que representa os professores, Neide da Silva Resende questiona a escolha da prefeitura em cortar o lanche dos educadores.
— Em momentos de crise fazemos escolhas. A prefeitura escolheu cortar a merenda dos professores e precarizar a dos alunos. Achamos que deveria cortar em outras áreas. Os secretários, que ganham R$ 20 mil, receberam reajuste. São milhares cargos de confiança com salários altos, gastos milionários com propaganda.
Conforme a sindicalista, o cardápio variado ficou só no papel.
— Nas Umeis [educação infantil] tinha vitamina, biscoito, fruta. Agora tem só leite puro para os meninos.
Repasses congelados
Atualmente são investidos R$ 73,5 milhões na alimentação escolar em BH. Um terço disso (R$ 23,5 milhões) vem do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), repassado pelo Governo Federal, que varia entre R$ 0,30 e R$ 1,00 por aluno, diariamente, dependendo da faixa etária e do tempo de permanência na escola.
A prefeitura reclama que os valores são "os mesmos praticados desde dezembro de 2009 e destinam-se a compra de gêneros alimentícios para o atendimento exclusivo de alunos. A maior parte do custeio da alimentação escolar fica para o município".
Como a prefeitura alega que não tem recursos, não há prazo para o retorno do lanche aos servidores nas escolas municipais.
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