DIREITOS HUMANOS PARA AS PESSOAS DE BEM, CADEIA PARA OS BANDIDOS

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sábado, 13 de fevereiro de 2016

AGLOMERADO DA SERRA PM prepara ocupação de Aisp

Pessoal administrativo será remanejado para a unidade, que tinha apenas dois militares


Reforço. Após início de guerra entre traficantes,
Polícia Militar reforçou presença no aglomerado
Super Notícia
A Polícia Militar (PM) pretende reduzir o número de servidores no setor administrativo para remanejar homens e ocupar o prédio da Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) do aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. No fim de janeiro, uma série de conflitos armados entre traficantes aconteceu no local, que contava com apenas dois militares para atender quase 50 mil moradores. Segundo o comandante do policiamento da capital, coronel Winston Coelho, a medida será adotada em breve, mas ainda não há uma previsão de quando nem quantos militares atuarão no prédio. A medida pode se estender a outras regiões de BH.
A Aisp, que deveria contar com policiais militares e civis, foi inaugurada em janeiro de 2014 sob a promessa de impedir que a população ficasse refém da criminalidade. Entretanto, em outubro do ano passado, a Polícia Civil teria sido removida do local pelo Estado.

“Nós vamos ocupar aquele prédio. Vamos colocar mais efetivo para assumir o local. Mas eu não tenho recrutamento e, por isso, estou promovendo uma redução administrativa não apenas na Serra, mas em vários bairros que necessitam de aumento do policiamento. Assim teremos condição de atender a população”, afirmou o comandante Coelho.

Em 5 de fevereiro, após O TEMPO mostrar o abandono da Aisp, o prédio foi visitado por parlamentares da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O deputado Sargento Rodrigues (PDT) chegou a afirmar que a presença de poucos policiais na unidade colocava em risco a vida dos próprios militares. “Esse efetivo não atende nem a uma cidade minúscula, imagina um aglomerado desse tamanho”, criticou Rodrigues na ocasião.

Mobilização. A promessa do coronel Winston Coelho de ocupar a Aisp veio durante uma reunião com um grupo de moradores do bairro Serra, limítrofe ao aglomerado, que criou o movimento Serra do Bem após o início dos conflitos.

O jornalista Marcos André Carneiro Naves, 46, idealizador do movimento, conta que o objetivo é cobrar das autoridades medidas para reduzir a criminalidade na região. “Nós, moradores do Serra, temos que entender que somos vizinhos de quem mora no aglomerado. Temos que mostrar para os cidadãos de bem que eles não estão sozinhos, que sofremos junto com eles e que estamos fazendo o que podemos para ajudá-los”, afirmou.

Durante o encontro, que contou com a presença do deputado federal Laudívio Carvalho (PMDB) e do secretário de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, André Quintão (PT), também foram discutidas outras medidas a serem adotadas na região.

“O secretário, inclusive, garantiu que o objetivo é não apenas manter a presença da polícia dentro do aglomerado, mas também incluir outras ações sociais e culturais para a população”, finalizou Naves.

Facebook

Movimento. Quem tiver interesse em participar do movimento Serra do Bem, criado pelos moradores do bairro Serra, pode acessar a página do grupo na rede social Facebook.

Escolas e centro de saúde voltam a funcionar

Nesta quinta também foram retomados todos os serviços públicos prestados à população do aglomerado da Serra. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), as Unidades de Educação Infantil (Umeis) Capivari e Padre Tarcísio e as escolas municipais Vila Fazendinha, Edson Pisani e Levindo Coelho retomaram o funcionamento normal. As unidades tiveram as aulas suspensas no dia 2, após o conflito no morro se agravar.

Já o Centro de Saúde Cafezal, que abriu apenas parcialmente durante quase todo o período de tensão, também já estava com o funcionamento completamente normalizado nesta quinta, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com todos os serviços e atendimentos sendo prestados normalmente na unidade.

Desde o início do confronto entre os traficantes, com diversas trocas de tiros, escolas, unidades de saúde e até mesmo horários dos ônibus haviam sofrido alterações no aglomerado da Serra. 

Entenda o caso

Prisão. No dia 27 de janeiro, foi preso Thiago Augusto Nunes Martins, 52, o Lerdão, que chegou a ser apontado como pivô do conflito. Ele foi detido após fugir de uma abordagem policial, mas acabou liberado menos de 24 horas depois por falta de provas de seu envolvimento com tráfico.

Tiroteios. Desde a prisão do suspeito, foram registrados pelo menos sete tiroteios entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro, sendo que, em um dos casos, uma viatura da PM chegou a ser atingida por disparos.

Ocupação. Depois disso, diversas operações policiais foram feitas na região, culminando na detenção de quase 20 pessoas, entre maiores e menores, apreensão de dezenas de armas, drogas e dinheiro.

Clima está tranquilo após o Carnaval

Após o Carnaval, o clima é de tranquilidade para quem vive no aglomerado da Serra. De acordo com uma moradora de 24 anos, que preferiu não ser identificada, desde o início dos tiroteios, a presença da polícia tem sido constante no morro. “Com eles aqui não tem tiroteio. Até antes do feriado não se via quase ninguém na rua na parte da noite. Agora, pelo menos quando saio do trabalho, no fim da noite, vejo muita gente e tenho pelo menos uma sensação de mais segurança”, afirma.

Questionada sobre a ocupação da PM no prédio onde funcionava a Aisp, a jovem acredita que a medida ainda não será suficiente para acabar com os problemas decorrentes do tráfico de drogas. “Pode trazer muita tranquilidade para os comércios e as casas próximas ao prédio, mas, quando os bandidos resolvem voltar com a guerra, não tem jeito. Aí morrem eles, morre inocente, e todo mundo fica com medo”, diz.

Uma aposentada de 67 anos, moradora da vila Cafezal, também acha que o aglomerado está em paz desde o fim do Carnaval. “Os meninos continuam fazendo as bagunças deles, vendendo drogas, mas pelo menos aqueles tiroteios já não estamos escutando mais”, conta a mulher. 

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